29/07/2007

Jornadas Cáusticas.

E encontramos uma cidade perdida, coberta de poluição e fábricas. Estas cheias de mecanismo e engenhocas, Campos vibra com as roldanas cobertas de óleo. É o seu éden.

Eugénio lamenta-se, sente falta do verde da vida, é o que o faz brilhar, sente-se oco e ao mesmo tempo tanto eu como ele sentimos algum júbilo pelo estado eufórico de Campos, é salutar ver alguém sentir-se bem consigo mesmo. Por muito que nos custe, a alegria dos outros é sempre infecciosa e a nós deu-nos um certo apetite para tentar pelo menos perceber o que é que se está a passar e como é que Campos consegue sugar tanta euforia só de ver um agregado de máquinas a funcionar. É algo que nos transcende.

Compramos todos um maço a meias, Campos adora o fumo do tabaco, Eugénio gosta de sentir a natureza dentro de si e eu sou um mero viciado, o tabaco dá-me um prazer que poucas coisas na vida me dão e, depois da nossa pequena andança mirabolante pelos lamaçais, um cigarro é quase orgásmico. É o vício.

A civilização torna-se enfadonha. Encontrámos uma pensão onde iremos pernoitar. Continuamos a tentar perceber a euforia de Campos, mas parece que não existe explicação possível. Ele ama a metrópole, todos os bocadinhos dela, desde o porto poluído e turbolento até à avenida principal onde o trânsito é frenético e asfixiante. É perturbante tal paixão.

Avançamos dispersos pela cidade quando, subitamente, ela aparece..

" Suddenly someone is there at the turnstile
The girl with kaleidoscope eyes"



Sem comentários: